Por Thaís Vidal
O Brasil este ano está fortemente representando na Berlinale, com dois curtas-metragens, três longas-metragens e mais de dez talentos participando no Berlinale Talents nas áreas de direção, montagem, roteiro, som. Também no ambiente de mercado, diversos profissionais participantes no European Film Market – EFM, grande parte vinculados ao Cinema do Brasil, organização que promove a conexão e internacionalização para empresas brasileiras nos âmbitos de feiras e mercados mais importantes do mundo.
Também um destaque para a série Betinho, que participou com exibição ontem, no 20 de fevereiro, do Berlinale Series Market com sessão do primeiro episódio exclusivamente para agentes de mercado, potenciais compradores internacionais. A série que conta a vida do ativista Herbert de Souza, o Betinho, interpretado pelo ator Julinho Andrade, que também é codiretor com Lipe Binder, é uma produção Globoplay e acaba por trazer a história do Brasil, por algumas décadas através da história pessoal e profissional do protagonista.
Entre os longas, na mostra Encountersfoi recebido com bastante destaque o filme Cidade; Campo, dirigido por Juliana Rojas e produzido por Sara Silveira, importante produtora brasileira responsável pela estreia de vários novos realizadores brasileiros. O filme de ficção, dividido em duas partes, fala sobre migração, identidade e as relações com a natureza a partir de experiências pessoais. É um filme íntimo que marca a estreia de Juliana em direção solo. Em sua primeira parte, o movimento do campo para a cidade, contando a história de uma mulher que perde tudo no trágico desastre de Brumadinho e precisa se refazer na cidade de São Paulo. Na segunda parte, a história de uma mulher que volta a uma fazenda onde seu pai vivia após a morte dele e junto a sua companheira precisa refazer sua vida, fugindo do caos da cidade, mas lidando com sua ancestralidade e a relação potente com o campo.
Também na Encounters teve destaque a exibição do longa Dormir de olhos abertos, da diretora alemã Nele Wohlatz, que foi filmado no Recife e é uma coprodução da Cinemascópio, importante produtora pernambucana levada por Emilie Lesclaux e Kléber Mendonça Filho. A equipe do longa foi majoritariamente brasileira e pernambucana. O longa trata da imigração chinesa no Recife e traz um belo retrato da cidade e sua cultura, desde um ponto de vista estrangeiro.
Por fim, o longa Betânia, dirigido por Marcelo Botta e que teve também uma lotada exibição na mostra Panorama, trazendo às telas belas paisagens do Maranhão e evocando a cultura do boi, costurando retratos de personagens maranhenses e suas histórias de vida conectadas ao território e sua cultura a partir de uma protagonista, Betânia, que precisa deixar sua casa depois da morte de seu marido.