Por definição, Comércio Justo é a prática que reúne a valorização do trabalho sob condições adequadas, relações de gênero igualitárias, está comprometido com a erradicação do trabalho infantil e preza pela sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Há quem diga, inclusive, que este modelo de negócio pode ser alternativa para as crises econômicas parte do sistema financeiro mundial.
Márcio Waked de Moraes Rêgo, Diretor Executivo da empresa recifense de comércio justo Bio Fair Trade, compartilhou a experiência de sete anos de sucesso e crescimento do empreendimento que não apenas pratica como divulga e incentiva a multiplicação de iniciativas baseadas no comércio justo. O empresário participou da Semana de Economia Social & Solidária & Sustentável no Workshop Construindo alternativas econômicas sociais, solidárias e sustentáveis, na quarta-feira, dia 21 de outubro, no Centro Cultural Brasil – Alemanha, no Recife.
“A Bio Fair Trade é um negócio social, ou seja, é uma empresa com fins lucrativos. Não produzimos nada, mas promovemos a inserção de produtos de pequenos grupos de artesãos em mercados”, explica Márcio. No Brasil, segundo pesquisa do IBGE divulgada na Folha de São Paulo, existem 8,5 milhões de artesãos. Do total, mais de 70% têm dificuldade de comercialização (SENAES). A Bio Frair Trade trabalha em cinco segmentos: exportação, varejo nacional, venda ao consumidor, vendas de brindes corporativos, consultoria e serviços.
De acordo com Márcio, há uma questão-chave que precisa ser respondida antes de iniciar uma experiência de comércio justo: “Como se inserir dentro do mercado considerando os princípios do comércio justo e concorrendo com empresas convencionais? A lógica que nós usamos é lógica de mercado. Nosso primeiro passo sempre é entendimento da demanda dos nossos clientes”, pontua.
Segundo Márcio, a aposta da Bio Fair Trade, e em certa medida de diversos empreendimentos de comércio justo, é focada no consumo consciente e na crescente demanda por produtos sustentáveis principalmente na Europa. “Nós fazemos capacitações com produtores para criação ou adaptação de novos produtos. A gente dá subsídios para que os artesãos possam criar produtos que estejam de acordo com a demanda. Promovemos rodadas de negócios e vendas a clientes nacionais e internacionais e também acompanhamos a produção. No processo de exportação em forma de consórcio juntamos produtos de diversos artesãos e mandamos junto”, explica.
Os produtos exportados pela Bio Fair Trade recebem o selo do comércio justo e são comercializados na Rede de Lojas do Mundo – com mais de 1000 lojas na Holanda, Bélgica e Alemanha. No Brasil, o principal mercado de vendas aos consumidores finais é feito em grande parte com parceria com Sebrae – com stands em locais públicos e feira, a exemplo da Fenearte, além do varejo nacional.
Números da Bio Fair Trade de 2008 a 2015:*
– Mais de 3 mil produtores beneficiados de todas as regiões do brasil (mais de 85% de mulheres)
– Doze contêineres exportados para Holanda
– Comercialização de mais de 5 milhões em produtos artesanais e serviços, correspondendo a mais de 4 milhões em receita direta para os artesãos
– Mais de 1 milhão de peças vendidas (2014)
* Dados da Bio Fair Trade.