A casa é grande e nela cabe muita gente – e boas ideias. É em uma construção centenária que já foi uma escola e que fica perto de um dos lagos mais conhecidos da capital alemã que funciona o Kubiz, uma iniciativa de educação e cultura que congrega mais de 15 projetos sociais em suas espaçosas salas. A ideia surgiu no começo dos anos 2000, quando um grupo de pessoas resolveu aproveitar o espaço para torná-lo uma área democrática de acesso a educação e lazer, como alternativa ao estabelecimento de mais um empreendimento comercial na vizinhança.
“Queremos ser uma possibilidade para as pessoas do leste de Berlim e, especialmente, para os jovens. A nossa vizinhança está assentada em uma área em que a maioria das pessoas têm uma ideologia conservadora. Aqui, eles têm a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre ideias antifascistas, antinazistas, antirracistas e democráticas”, explica um dos responsáveis pelo centro de cultura, Thorsten Lampe. Ele conta que a tarefa não é fácil, mas necessária.
Em um passeio, é possível conhecer as antigas salas de aulas, que antes davam lugar a um modelo tradicional de ensino e agora são ocupadas por grupos de ensino e produção de mídia alternativa, programas de educação, troca de experiências, teatro, biblioteca, cinema, uma área para ajudar pessoas a consertarem as suas bicicletas, uma loja de produtos usados que podem levados por qualquer pessoa, entre vários outros. As salas são alugadas aos grupos por um valor abaixo do praticado pela política imobiliária de Berlim. Mesmo assim, a quantia pode variar, dependendo das condições financeiras de cada um.
O quintal ao redor garante uma pequena produção de vegetais ogânicos. Esses, mais alguns alimentos que são doados por supermercados próximos, abastecem uma cozinha comunitária. Tudo isso acontece em um modelo que desafia o conceito tradicional de hierarquia, já que não há uma gestão centralizada: todas as decisões são tomadas por um fórum composto pelos grupos que ocupam o Kubiz. Cooperaçao, ajuda mútua, partilha de recursos e intercâmbio de conhecimentos e experiências são a base do projeto.
A sobrevivência financeiras não é dos assuntos mais fáceis. Thorsten relata que o caixa do Kubiz – que é composto por doações dos participantes, visitantes e colaboradores – nunca chega exatamente no valor que eles precisam para pagar todas as necessidades. No entanto, os integrantes se desdobram para manter a estrutura funcionando, fazendo pequenos consertos e assumindo a manutenção. Mesmo com todas as dificuldades, as pessoas que fazem parte do Kubiz não pensam em desistir dele. “Este prédio nos foi doado temporariamente e temos mais dez anos até que essa condição seja reavaliada. Esperamos engajar a vizinhança em nossa causa e conseguir doações para adquirir ou alugar a casa e garantir que este continue sendo um espaço onde boas ideias e a democracia encontrem a liberdade”, conta Thorsten. A visita ao Kubiz foi uma das atividades da Wandelwoche (Semana de Transformação) do Kongress Solidarische Ökonomie und Transformation Berlin, que terá cobertura especial no site do CCBA.
Mais informações: http://solikon2015.org/de