Saiba mais sobre a máscara Kokrit

Foto: Eva Winkler

A máscara que aparece nos convites e no cartaz da exposição Curt Nimuendajú – Reconhecimentos é utilizada em rituais pelos
Canela-Ramkokamekrá, do Maranhão. Eles a chamam de Kokrit.

Curt Nimuendajú afirma que Kokrit é o nome dado pelos Canela-Ramkokamekrá a monstros aquáticos que habitam o rio Tocantins e também à sociedade de mascarados encarregada de representá-los no ritual que antecede o período das chuvas.

As máscaras Kokrit cobrem o corpo inteiro de uma pessoa e sua produção foi retomada a partir da década de 1990, após um período caindo em desuso.

Dresden

A máscara Kokrit da foto é uma das peças da coleção Curt Nimuendajú, que faz parte do acervo do Staatliche Kunstsammlungen Dresden / Museum für Völkerkunde Dresden.

Peter Schröder fala sobre o antropólogo Curt Nimuendajú e o incêndio no Museu Nacional

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O antropólogo Curt Nimuendajú (1883-1945), de origem alemã e nacionalidade brasileira, desenvolveu ao longo de vários anos uma relevante pesquisa sobre diversos povos indígenas. “Ele continua sendo considerado uma das referências mais importantes na etnologia dos povos indígenas no Brasil”, destaca o antropólogo Peter Schröder, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), parceiro do Centro Cultural-Brasil Alemanha (CCBA) na realização do projeto Curt Nimuendajú – Reconhecimentos.

Ainda sobre as contribuições de Curt Nimuendajú para a antropologia
brasileira, o professor Peter Schröder afirma: “Mais de quatro décadas
dedicadas à etnologia indígena, com pelo menos 34 pesquisas de campo, majoritariamente pioneiras, entre mais de 50 etnias indígenas e um grande número de publicações, em parte lançadas apenas post mortem, sobre temas de Etnologia, Linguística e Arqueologia indígena, além de volumosa correspondência com os mais diversos especialistas em temas indígenas de vários países, renderam a Nimuendajú, ainda em vida, o reconhecimento como uma das maiores autoridades da Etnologia dos povos indígenas no Brasil na primeira metade do século XX e, segundo alguns autores, como sendo a maior durante todo esse período. Várias monografias tornaram-se clássicos da etnologia indígena devido aos valiosos registros etnográficos como, por exemplo, aquelas sobre os Apinayé, Xerente, Timbira ou Ticuna”.

Museu Nacional

Uma parte valiosa do legado do etnólogo foi destruída no incêndio que atingiu o Museu Nacional (Rio de Janeiro) em setembro de 2018. O espólio do pesquisador foi adquirido pelo museu após uma longa negociação com a viúva do pesquisador, que se estendeu de 1946 a 1951. “Tratava-se de um conjunto muito heterogêneo de documentos: cartas, manuscritos originais de textos publicados, manuscritos não publicados, diários de campo, fotografias. Ou seja, documentos muito valiosos para a história da antropologia no Brasil na primeira metade do século 20. O incêndio destruiu a maioria dos materiais”, explica Peter Schröder.

“Trata-se de uma perda trágica, algo inaceitável. Apenas uma parte do espólio foi digitalizada antes do incêndio, sobretudo as fotografias. E alguns pesquisadores tinham tirado fotos de documentos avulsos, o que pode contribuir para recompor pelo menos uma parte do acervo. No entanto, a maior parte do espólio deve ser considerada perdida para sempre”, continua o pesquisador, que faz um alerta: “Infelizmente, o Museu Nacional não era e nem é o único museu com problemas estruturais e de segurança neste país. Pelo contrário, ainda há muitos. E tragédias parecidas podem se repetir a qualquer dia. O Museu Nacional, no entanto, não só tinha coleções extraordinárias, mas também um valor simbólico enorme no cenário nacional e internacional”.