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Começou o 66º Festival de Berlim, tendo como filme de abertura “Hail Caesar”, uma bem-humorada e louca declaração de amor dos Irmãos Coen ao sistema de estúdios hollywoodiano dos anos 1950. Ontem à noite, George Clooney, Tilda Swinton, Josh Brolin e Channing Tatum cruzaram o tapete vermelho do Berlinale Palast, satisfazendo público e imprensa de celebridades.

Em poucos dias, também fora de competição, outro filme norte-americano deve fazer seu barulho: “Chi-Raq”, em que Spike Lee adapta Aristófanes para a realidade das gangues de Chicago. No elenco Wesley Snipes, Samuel Jackson e John Cusack. Semanas atrás, Spike Lee criticou o Oscar pela ausência de minorias raciais entre os indicados. Vejamos como será sua passagem por Berlim, uma semana antes da premiação da Academia.

Na competição pelo Urso de Ouro estão, entre outros, o filipino Lav Diaz (novo filme com desafiantes 485 minutos), o canadense Denis Côté (Urso de Prata em 2013), o dinamarquês Thomas Vintenberg e os franceses Mia Hansen-Løve e André Téchiné. No júri estão Meryl Streep (presidente), a fotógrafa francesa Brigitte Lacombe, a atriz italiana Alba Rohrwacher e o diretor polonês Małgorzata Szumowska, os atores Clive Owen e Lars Eldinger e o crítico de cinema inglês Nick James.

Mesmo fora da competição oficial o Brasil está bem representado nesta Berlinale, com três longas na mostra Panorama (“Curumim”, de Marcos Prado; “Mãe só há uma”, de Anna Muylaert; e “Antes o tempo não acabava”, de Sérgio Andrade), um longa na seção Forum Expanded (“Muito romântico”, de Gustavo Jahn e Melissa Dullius – em coprodução com a Alemanha) e dois curtas (“Das Águas que passam”, de Diego Zon – na seção Berlinale Shorts; e “Ruína”, de Gabraz Sana, no Forum Expanded).

No total são 434 filmes, em quase mil sessões de cinema. Entre os clássicos teremos “A morte cansada” (Der Müde Tod, 1921), de Fritz Lang; “Fat City” (1972), de John Ford; “A filha do Nilo” (1987), de Hou Hsiao-hsien; e “The Road Back” (1937), de James Whale; além de uma sessão em homenagem a David Bowie, “O homem que caiu na Terra” (1976), e outra a Ettore Scola, “O Baile” (1983 – Urso de Prata em Berlim). Nada mal.

Como de praxe em Berlim, há o pano de fundo político. Mudanças globais e locais estão em curso e a ambição de oferecer território comum para estes temas condiz com a dimensão da Berlinale – um festival gigante, o maior do mundo em números absolutos, ocupando quase todos os espaços de exibição da cidade e adaptando outros, como o monumental Friedrichstadt Palast.

Ano 6 – Seis é o número desta edição. Além da própria idade do festival fundado em 1951, um dos mais antigos do mundo, a retrospectiva deste ano olha para a produção germânica de 1966, em comemoração aos 50 anos do Cinema Novo Alemão. Criado em 1986, o Teddy Awards, prêmio pioneiro do cinema queer, por sua vez completa 30 anos. Por coincidência, é também o meu sexto festival, desta vez alimentando um blog exclusivo para o Centro Cultural Brasil Alemanha, no Recife, em parceria com o Goethe Institut.