E a Berlinale vai chegando ao fim. Enquanto não sai o resultado do júri oficial, comissões paralelas anunciam os seus preferidos. Organizado pela Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci), o júri da crítica elegeu “Morte em Sarajevo”, de Danis Tanović, como o melhor da mostra oficial. Em 2013 o diretor bósnio já havia ganhado o prêmio especial do júri por “Um episódio na vida de um catador de ferro”.
Tanović volta a Berlim com uma produção França/Bósnia/Herzegovina que, a partir da história recente destes países, traça um retrato da Europa hoje.
O filme é ambientado em um grande hotel, que nervosamente se organiza para receber autoridades para atividades em torno do centenário da morte de Franz Ferdinand, o herdeiro do império austro-húngaro, assassinado em Sarajevo por um estudante sérvio. Ao episódio é atribuído o início da primeira guerra mundial.
A ação é paralela: enquanto o presidente da União Europeia repassa discurso na suíte presidencial e a TV entrevista especialistas na cobertura, empregados do hotel planejam deflagrar uma greve.
Eles estão há dois meses sem salário, enquanto o diretor do hotel lida com credores para manter seu negócio. A situação sai de controle, dando a entender que democracia e direitos humanos são meros recursos de retórica.
Tanović fez um filme entre o humor e o cinismo, explorando a tese de que a história se repete, agora sob o registro de câmeras de TV ou de vigilância.
* visto no Berlinale Palast, Potsdamer Platz, em 15/02/2016
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